segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A esperança:

Encostada à vidraça fria da janela, Petra fica imóvel durante horas a fio,perdendo-se no escorregar de pequenas gotas de água que o vento soprava de encontro aos vidros,talvez as pequenas gotas de água lhe lembrassem as suas lágrimas,que se lhe secaram de tanto lhe escorreram pelo rosto,perdida num mundo só dela onde ninguém jamais penetraria, alheada do mundo real, somente ouvia as vozes que lhe sussurravam em torno dos ouvidos
Fechava os olhos contorcendo as mãos, seu corpo agitava-se naquele silencio ensurdecedor,porque o via ela? ali estava ele de pé ao fundo do jardim, encostado às acácias frondosas onde se costumavam sentar
o seu  respirar tornava-se ofegante,não conseguia perceber como era possível o homem a quem ela se entregara por inteiro num deslumbre quase anedótico, tivesse tido a desfaçatez de a deixar sozinha naquela  casa tão grande, e agora tão fria sem a presença dele,aos poucos o rosto desanuviava-se-lhe em breves e doces sorrisos,lembrando-lhe como foram românticos e deliciosos,os momentos que passaram os dois naquele jardim.
Enquanto estava nesse doce elevo, não deu conta que Nina sua ama, que a criara como se fosse sua filha desde a morte da mãe,entrasse como uma bandeja na mão que continha dois envelopes lhe disse-se chegou o correio abre-os são para ti,lentamente virou-se para  Nina como se fosse a primeira vez que a via,retirou da bandeja os envelopes, pausadamente sentou-se num cadeirão junto da janela, sentiu as pernas a tremer e a cabeça andar roda,Nina disse-lhe abre as cartas Petra são para ti, não podes saber o que dizem estando fechadas,não as quero abrir Nina,não quero apagar a esperança que alimento todos os dias, dentro de mim
de encostar o meu rosto ao vidro frio desta janela, na esperança de o ver chegar,abrindo com os seus braços fortes os portões  do jardim,e deixo-me imaginar que corro ao seu encontro e.me carrega nos seus braços tão delicadamente como se fosse uma braçada de flores,que lhe perfumam a  vida
Vivi quase metade da minha juventude numa vida vazia e sem sentido, até ao dia que nossos olhares se cruzaram,ao sairmos do comboio onde os dois viajava- mos,lembras-te Nina? quando íamos para a praia da Figueira da Foz!porque não tenho eu direito à felicidade como as outras raparigas?tens Nina  todo o direito mas abre as cartas,porque se não as abres para ver que noticias trazem, não  podes saberes porque foi embora,são cartas dele para ti,
Depois de muita insistência de Nina, Petra abriu as cartas vagarosamente, como quisesse prolongar o seu sofrimento ou a esperança que mantinha de o ver chegar,aos poucos o  seu rosto  foi ficando doce e gracioso como uma flor desabrochando ao sol
Gritou Nina Nina vem depressa que estou a rebentar de tanta alegria! da-me um abraço minha querida amiga,Nina afagou-lhe os cabelos apertado-a contra a si disse-lhe, vês minha filha, já podes ser feliz
Sim Nina ele vai volta!r,a guerra acabou ele foi levado sem ter tempo de me dizer,não me contou nada para não me fazer sofrer!..

 por ukymarques:.
im..google.
pub14/1/2013:

Sem comentários:

Enviar um comentário